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Com dados técnicos e oficiais, estudo dimensiona extensão do desastre hidrológico de 2024 no Rio Grande do Sul
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O evento é considerado o maior desastre natural do tipo na história do Brasil e afetou mais de 15 mil km²

Entre o final de abril e o início de maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou um desastre hidrogeológico sem precedentes. Uma combinação de intensas chuvas e falhas nas estruturas de proteção contra enchentes causou inundações, deslizamentos de terra e perdas humanas. O evento, considerado o maior desastre natural do tipo na história do Brasil, afetou mais de 15 mil km² e resultou em quase 200 mortes confirmadas, além de deslocar milhares de pessoas e causar danos irreparáveis à infraestrutura e ao patrimônio do Estado.

Um grupo de pesquisadores, que contempla a docente da Universidade do Vale do Taquari – Univates Sofia Royer Moraes, dimensionou, com dados técnicos e oficiais, a extensão do desastre hidrológico de 2024 no Rio Grande do Sul. Além de Sofia, a equipe também é composta por Walter Collischonn, Fernando Mainardi Fan, Iporã Possantti, Fernando Dornelles, Rodrigo Paiva, Matheus Sampaio Medeiros, Gean Paulo Michel, Fernando Jorge Corrêa Magalhães Filho, Francisco Fernando Noronha Marcuzzo, Rossano Dalla Lana Michel, Tamara Leitzke Caldeira Beskow, Samuel Beskow, Elisa Helena Leão Fernandes, Leonardo Laipelt dos Santos, Anderson Ruhoff, Masato Kobiyama, Gilberto Loguercio Collares, Franco Buffon, Emanuel Duarte, Stefany Lima, Fernando Setembrino Cruz Meirelles e Daniel Gustavo Allasia Piccilli.

Os pesquisadores estão vinculados a diferentes instituições do RS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade do Vale do Taquari, Serviço Geológico do Brasil, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal do Rio Grande e Universidade Federal de Santa Maria. O estudo foi publicado na Revista Brasileira de Recursos Hídricos (2025), em relatórios do governo do RS e divulgado em entrevistas com especialistas.

Chuvas

O desastre foi desencadeado por uma sequência de chuvas excepcionalmente intensas e duradouras, que se concentraram em regiões montanhosas e áreas de transição entre o planalto e a planície. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a região já havia registrado uma média de chuvas superior ao normal em abril de 2024.

Entre os dias 29 de abril e 5 de maio, a precipitação chegou a níveis recordes em várias partes do Estado, com alguns locais registrando mais de 700 mm de chuva em apenas cinco dias. Esses volumes superaram até mesmo os registros do furacão Harvey, que atingiu o Texas em 2016, considerado um dos eventos mais extremos do mundo.

Estudos indicam que esse volume de chuvas em tão pouco tempo foi potencializado pelas temperaturas elevadas da superfície do Atlântico, o que gerou condições propícias para a formação de sistemas convectivos de grande intensidade, comuns em regiões tropicais.

O sistema de previsão meteorológica teve dificuldade em prever antecipadamente o volume e a intensidade das chuvas. Modelos globais como o ECMWF e o GFS subestimaram a quantidade de precipitação, o que impactou a emissão de alertas mais eficazes. No entanto, alguns avisos foram emitidos pelo Inmet, alertando para fortes chuvas.

Mesmo com avisos de até 200 mm em algumas áreas, a intensidade real foi muito além do previsto, com um acumulado superior a 600 mm em pontos críticos. O governo estadual e as agências de meteorologia locais enfrentaram dificuldades para lidar com o avanço das águas e os danos crescentes em várias regiões do Estado.

Consequências e impacto

O impacto humano foi extenso. Além das quase 200 fatalidades, cerca de 27 pessoas continuam desaparecidas até o momento (da publicação do texto). Estima-se que o número de desabrigados e desalojados tenha ultrapassado a marca de 880 mil pessoas, com milhares de famílias forçadas a buscar refúgio em abrigos improvisados ou com parentes em regiões não afetadas.

Cidades como Eldorado do Sul e Muçum tiveram 80% de suas populações afetadas. Na região metropolitana de Porto Alegre, bairros protegidos por diques foram inundados devido a falhas estruturais, como brechas em barreiras e estações de bombeamento inoperantes.

Em Porto Alegre, o sistema de defesa contra enchentes, construído na década de 1970, mostrou-se ineficaz para lidar com a magnitude desse evento. As águas do Rio Guaíba subiram acima dos níveis de segurança, ultrapassando os 5 metros de altura.

Rios como o Jacuí, Taquari e Caí atingiram níveis jamais vistos, superando em até 4 metros as marcas históricas, incluindo a grande enchente de 1941. O lago Guaíba, que banha Porto Alegre, alcançou 5,37 metros, 45 cm acima do recorde anterior, inundando áreas protegidas por diques. A Lagoa dos Patos, que recebe as águas de toda a bacia, registrou níveis elevados por mais de 30 dias, afetando cidades como Pelotas e Rio Grande.

A barragem 14 de Julho, no Rio Taquari, sofreu um rompimento parcial após as comportas não serem abertas a tempo. Outras barragens, como Dona Francisca e Rastro de Auto, operaram acima da capacidade de projeto, evitando colapsos totais graças a ações emergenciais.

Deslizamentos de terra e devastação no interior

Além das enchentes, deslizamentos de terra devastaram comunidades nas áreas montanhosas. Segundo o levantamento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cerca de 17 mil cicatrizes de deslizamento foram mapeadas ao longo da escarpa do Planalto Meridional do RS.

Os deslizamentos mais intensos ocorreram nos municípios de Agudo, Veranópolis e Fontoura Xavier, destruindo casas, estradas e redes de comunicação. Em várias localidades, as comunidades ficaram isoladas, e o socorro só foi possível após a reabertura das estradas ou com o uso de helicópteros.

Cenários de destruição total foram observados em cidades menores, como Muçum e Cotiporã, onde moradores relataram momentos de pânico enquanto as encostas desmoronavam, arrastando árvores e estruturas ao longo de encostas escorregadias.

Impacto nas estruturas e na economia regional

O desastre danificou a infraestrutura do Estado, com estradas e pontes destruídas, comprometendo o transporte de mercadorias e serviços essenciais. Além disso, a produção agrícola, especialmente nas áreas cultivadas ao longo dos rios, foi prejudicada, com plantações inteiras de arroz, milho e soja submersas. Estima-se que o impacto econômico direto ultrapasse a marca de bilhões de reais, o que afetará significativamente o setor agrícola do Estado ao longo dos próximos anos.

O setor industrial também foi afetado, com fábricas próximas aos Rios Taquari, Jacuí, Caí e Guaíba inundadas, resultando em perdas de maquinário, estoque e instalações. Segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), os prejuízos somados na área industrial podem afetar o crescimento econômico do Estado no ano de 2024.

Danos à infraestrutura

– Rodovias e pontes: 251 bloqueios em 99 estradas, com 14 pontes destruídas.

– Aeroporto Salgado Filho: ficou submerso por um mês, causando prejuízos de R$ 3 bilhões.

– Água e energia: mais de 1 milhão de pessoas ficaram sem abastecimento de água, e 532 mil residências ficaram sem energia.

Impactos econômicos

– Perdas estimadas entre R$ 87 e R$ 97 bilhões, equivalentes a 10% do PIB do Estado.

– Agricultura: 1,2 milhão de aves e 14 mil cabeças de gado perdidas, além de 2,7 milhões de hectares de solo degradados.

– Indústria e comércio: interrupções na cadeia logística afetaram negócios em todo o País.

Ações e mobilizações

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul montou um centro de operações de emergência para coordenar o resgate e o apoio às comunidades atingidas, mas o número de afetados foi tão alto que os recursos disponíveis foram insuficientes para atender a todos rapidamente.

Diante da dimensão da tragédia, o governo federal prometeu bilhões em recursos emergenciais para apoiar o Estado do Rio Grande do Sul. As operações de ajuda envolveram diversas forças, incluindo o Exército, a Marinha e a Polícia Rodoviária Federal, que atuaram no resgate e na manutenção da ordem em áreas afetadas.

Organizações civis e voluntários também se mobilizaram para ajudar as vítimas, com doações de alimentos, roupas e itens de higiene pessoal. Campanhas de arrecadação emergencial de abrangência nacional foram organizadas em redes sociais e por ONGs locais, e doações chegaram de várias partes do País.

Futuro

Especialistas afirmam que o aumento na frequência de enchentes, secas e deslizamentos está diretamente relacionado às mudanças climáticas, que vêm alterando os padrões de chuva e aumentando a vulnerabilidade de regiões como o Sul do Brasil.

Para os próximos anos, pesquisadores e autoridades locais defendem a necessidade de um sistema de monitoramento e alerta mais robusto, além de políticas de ocupação do solo que evitem construções em áreas de risco.

A tragédia de abril e maio de 2024 serve como um alerta para outras regiões do Brasil, reforçando a necessidade de infraestrutura e planejamento adequados para enfrentar desastres naturais e minimizar o impacto sobre as populações mais vulneráveis.

Os pesquisadores argumentam que os eventos de 2024 demandam a melhoria das previsões hidrológicas, com sistemas operacionais capazes de prever antecipadamente níveis de rios e inundações; o reforço na gestão de barreiras, incluindo manutenção regular e planos de evacuação; e a revisão dos critérios de projeto para infraestruturas, considerando os efeitos das mudanças climáticas.

Texto: Redação Univates

Imagens: Satélites Terra e Aqua, da NASA – Crédito – Reprodução/Wikimedia Commons

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Política atualizada em 5 de julho de 2023.