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Dia da Mulher: a jornada pela igualdade na saúde ainda é longa
MULHER

A maior parte da população brasileira é composta por mulheres, que representam cerca de 51,5%. Elas são, também, as que mais utilizam os serviços da Atenção Primária à Saúde (APS) no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme levantamento realizado em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar dessa representatividade, ainda há um longo caminho a percorrer para fortalecer e qualificar os atendimentos em APS, especialmente no que diz respeito à educação e prevenção de doenças, com destaque para a mortalidade materna. Além disso, é fundamental avançarmos em temas de extrema importância, como a redução da morte materna.

 

Especialistas apontam que quase a totalidade dos óbitos maternos, 99%, ocorrem em países em desenvolvimento. Para a Organização Mundial da Saúde, em nações de baixa renda, o risco de uma mulher morrer em decorrência da maternidade é 120 vezes superior na comparação com os países com alta renda. No Brasil, a razão de mortalidade materna foi de 57,7 a cada 100 mil nascidos vivos em 2022.

 

O índice, que está acima da meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas – que prevê, até 2030, redução na taxa para menos de 30 a cada 100 mil nascidos vivos no país –, reflete as desigualdades de um país de proporções continentais. Enquanto no Sul os índices entraram em declínio, no Norte as mortes ainda são elevadas.

 

Para promover a equidade — um dos princípios fundamentais do SUS — e melhorar a qualidade da assistência durante o pré-natal, o parto e o pós-parto, o Ministério da Saúde lançou, no ano passado, a Rede Alyne, uma reestruturação da Rede Cegonha, a qual o Hospital de Clínicas Ijuí vai fazer parte. Esse programa tem como objetivo reduzir em 25% a mortalidade materna até 2027, com foco particular nas populações vulneráveis. Dados do próprio Ministério da Saúde revelam que, em 2022, a taxa de mortalidade materna entre mulheres negras foi de 110,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos, quase o dobro da média nacional.

 

Participante desse projeto, o Hospital de Clínicas Ijuí já começa a reorganizar seu serviço de cuidados à saúde da mulher, realizando melhorias estruturais para qualificar ainda mais os atendimentos e ampliar o cuidado humanizado e integral para gestantes, parturientes, puérperas e crianças. Por meio de melhorias e ampliação de leitos, a instituição busca oferecer mais conforto e privacidade para as pacientes. Somado a isso, trabalha na reforma da maternidade e na criação de uma Unidade de Cuidados Intermediários, destinada a oferecer cuidados especializados aos recém-nascidos. São pequenos passos dentro de uma longa jornada.

 

Neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, que possamos não apenas reivindicar igualdade entre os gêneros, mas também exigir condições de acesso à saúde mais dignas e justas para as mulheres de todas as regiões do país, do Norte ao Sul. Precisamos celebrar as conquistas já alcançadas, mas continuar lutando por melhorias urgentes que ainda precisamos alcançar.

 

 

Nadia Ceolin* *Médica Ginecologista e Obstetra do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI)

ARTIGO ENVIADO PELA ASCOIM HCI