Notícia

Em entrevista à Rádio Mundial, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio Da Luz, fez um alerta sobre a situação alarmante da agropecuária no estado, que tem sofrido com as perdas consecutivas nas safras devido às condições climáticas adversas. Da Luz destacou que a última safra de soja considerada normal no estado foi a de 2021, quando a produção esperada e a colhida se alinharam, com 20,4 milhões de toneladas. No entanto, em 2022, o cenário foi desastroso: a previsão de 21,3 milhões de toneladas foi reduzida a apenas 9,3 milhões, resultando em uma perda superior a 12 milhões de toneladas.
Durante a entrevista, o economista ressaltou que os produtores rurais do Rio Grande do Sul não estão preparados para suportar sucessivas perdas. “É necessário que tenhamos anos bons de colheita para garantir a continuidade do setor. Nenhum produtor está preparado para enfrentar cinco perdas em seis safras. Isso é insustentável”, afirmou. Da Luz apontou ainda a urgência de um parcelamento das dívidas acumuladas pelos produtores, que se tornaram impagáveis devido às sucessivas quebras de safra.
Além disso, o economista da Farsul cobrou uma linha de crédito e financiamento diferenciada para a agropecuária gaúcha, considerando as condições climáticas severas que têm atingido o estado de forma recorrente. Segundo ele, outros estados do Brasil não enfrentam os mesmos desafios, tornando a situação do Rio Grande do Sul ainda mais crítica. “O governo precisa olhar para nossa realidade e criar medidas específicas para a nossa agropecuária, que está enfrentando situações climáticas excepcionais”, disse.
Da Luz também criticou a legislação brasileira sobre a irrigação, apontando que, enquanto outros países incentivam a prática, as leis no Brasil ainda dificultam o acesso dos produtores a recursos hídricos essenciais para garantir a produtividade. “Aqui, a burocracia torna ainda mais difícil o que já é complicado. A irrigação é uma necessidade urgente para a agropecuária gaúcha, mas as leis atuais não favorecem isso”, declarou.
Outro ponto destacado na entrevista foi a necessidade de reformulação do sistema de seguros agrícolas e do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Para o economista, as condições atuais não estão mais atendendo às necessidades dos produtores, que precisam de um sistema mais robusto e adaptado às novas realidades do campo.
Por fim, Da Luz fez uma análise sobre as mudanças climáticas, apontando que países como os Estados Unidos, China e várias nações da Europa são os principais responsáveis pela poluição e pelos efeitos negativos no clima global. Ele reforçou que o Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, tem sido severamente afetado por essas mudanças, e que uma ação global coordenada é essencial para mitigar os impactos na agricultura.
A entrevista de Antônio Da Luz à Rádio Mundial chamou a atenção para a fragilidade da agropecuária gaúcha diante dos desafios climáticos e da falta de políticas públicas adequadas. O economista finalizou sua fala pedindo por uma ação urgente dos governos para garantir a sustentabilidade e a sobrevivência dos produtores rurais no estado.
FONTE- JORNALISMO RÁDIO MUNDIAL