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Em primeiro ano, nova delegacia de lavagem de dinheiro apreende ao menos R$ 30 milhões de facções envolvidas em homicídios
POLICIA

É por meio do dinheiro obtido de forma ilegal — especialmente pelo tráfico de drogas — que grupos criminosos se armam, arregimentam novos membros, adquirem entorpecentes e financiam os homicídios. Descapitalizar essas organizações tem sido uma das estratégias adotadas pela Polícia Civil na tentativa de combater as execuções coordenadas pelo crime organizado. Ao menos R$ 30 milhões foram retirados de grupos criminosos em bens e valores apreendidos desde a criação da unidade especializada em rastrear o patrimônio das facções ligadas diretamente aos assassinatos.

Em setembro de 2023, foi inaugurada a Delegacia de Polícia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ao longo de pouco mais de um ano, foram apreendidos bens como veículos e imóveis, entre eles até mesmo uma pousada de alto padrão, além de bloqueados valores de contas bancárias.

— Existe toda uma facção por trás que acaba financiando o cometimento desses homicídios. Os alvos são todos grupos vinculados às mortes. No momento que alguém de uma facção comete um homicídio, a primeira coisa que fazemos é verificar se no entorno dele há indícios da existência de um patrimônio oculto, com aparência de licitude, mas que é oriundo do crime. Instauramos inquérito contra ele e contra a facção a qual ele pertence, já que eles atuam de maneira unida — detalha o delegado Marcus Viafore.

Em duas das operações realizadas de forma encadeada, o alvo foi o mesmo grupo, com atuação no extremo-sul de Porto Alegre. A investigação descobriu que foram investidos valores no mercado imobiliário do RS e Santa Catarina, na compra de imóveis e empresas de fachada. Foi apreendida uma pousada de alto padrão em Bombinhas, no litoral catarinense.

— Neste caso, era uma liderança que tinha cometido mais de 10 homicídios no extremo-sul de Porto Alegre. O objetivo é justamente atingir o lado patrimonial para evitar o financiamento dos homicídios. A lavagem de dinheiro está umbilicalmente ligada à organização criminosa. Ela não se sustenta sem isso — afirma Viafore.

FONTE – GAUCHA ZH