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Os protestos e as pautas da sociedade brasileira

São positivas as manifestações de protesto que têm acontecido nas últimas semanas, no Brasil. Com exceção das ações de vandalismo, em que as empresas do comércio varejista foram as mais prejudicadas, a ida do povo às ruas tem um significado muito importante. Ela demonstra que a sociedade está preocupada em manter as conquistas democráticas dos anos 80 e reconhece os avanços econômicos que foram iniciados nos anos 90, porém também demonstra o descontentamento com o desempenho do Estado, que cobra altos tributos, mas não oferece retorno aos cidadãos na forma de bens e serviços públicos de qualidade.

O Estado brasileiro – em todas as esferas, e todos os governos – não acompanhou as mudanças do século XXI, e procura responder a problemas cada vez mais complexos com a mesma fórmula de antigamente. Deixou que as pressões políticas e corporativas pelo aumento de gastos diminuísse substancialmente sua capacidade de investimento, e buscou o equilíbrio das contas no aumento dos impostos que são pagos pelos contribuintes. Não melhorou a eficiência da gestão. O resultado pode ser verificado no transporte público, nas escolas, nos postos de saúde, e assim por diante… O Estado tem se mostrado ineficiente tanto naqueles serviços que presta diretamente ao cidadão quanto naqueles em que é responsável pela regulação, mas que são oferecidos por empresas privadas.

Todos os brasileiros são sócios de um mesmo empreendimento, que é o Brasil. Todos têm o dever de contribuir com sua parte, e a grande maioria faz isso de forma correta. Isso nos dá o direito de opinar, fiscalizar os representantes, bem como cobrar que exerçam o seu trabalho da maneira mais produtiva e transparente possível. Esse é o espírito da democracia.

As bandeiras que têm sido defendidas pelo empresariado ao longo das últimas décadas são exatamente as mesmas que estão sendo clamadas pela população nas ruas, nas últimas semanas. Talvez, tenhamos utilizado termos um pouco mais complexos, focando nossas manifestações em um conteúdo mais propositivo, mas a indignação que nos une é a mesma. Há muito que lutamos pela racionalização dos impostos, pela eficiência na gestão pública, pelas reformas tributária, política e administrativa, entre outras bandeiras que visam melhorar a qualidade dos serviços públicos. Disso, depende a qualidade de vida das pessoas e as condições para que as empresas possam se desenvolver e gerar resultados positivos para a sociedade. O "gigante pela própria natureza", como diz o hino, acordou, e os empresários estão unidos para mantê-lo acordado.

Fonte: Zildo De Marchi, presidente do Sistema Fecomércio-RS

Data da publicação: 2013-07-02