Notícia

ANÁLISE CLIMÁTICA DO DIA 01/04/2025
ANO 8
Eu, Mauro Costa Beber, estudo o tempo e o clima desde outubro de 2016. Meu estudo é baseado nas anomalias das temperaturas dos oceanos, onde observo os anos do passado onde as temperaturas dos oceanos estavam mais parecidas com as desse momento, analisando como foi o clima e a produtividade nesses anos. São muitos dados do tempo e clima, onde eu analiso dados estatísticos de precipitação, temperatura, produtividade, produção de soja, de trigo e de milho de vários locais do mundo, principalmente dos últimos 35 anos, mas tenho muitos dados dos últimos 175 anos. Sobre estes dados eu escrevo esta análise climática.
No mês de março aqui na Agropecuária Brasitália, Condor, Rio Grande do Sul a precipitação acumulada foi de 142 mm, falei na análise de 01/03/25 que poderia chover 110 mm), se o mês tivesse 30 dias teria chovido 119 mm. A média do mês de 35 anos é de 148 mm (142 mm é 4% a menos que à média de 35 anos), 160 mm foi a média dos anos parecidos do passado. Foram 5 dias de chuva no mês. Se olharmos para a média do mês, vemos um mês com um bom acumulado mensal, mas com uma distribuição muito irregular no mês, pois nos primeiros 26 dias choveu 35 milímetros, enquanto nos últimos 5 dias choveu 107 mm. Por isso eu sempre falo que é o acumulado mensal pode esconder a irregularidade da distribuição. Se esses 142 milímetros fossem distribuídos nas 4 semanas do mês a produtividade da soja seria muito maior.
Como característica de uma La Niña fraca, durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro houve grande variação no acumulado de precipitação em curtas distâncias, nos municípios e no estado. Isso vai fazer com que a produtividade da soja tenha uma variação muito grande entre talhões, propriedades e municípios no estado. Aqui na região as precipitações tiveram em março uma variação menor que nos meses anteriores. O aquecimento do Atlântico Sul foi fundamental para que melhorasse as precipitações no estado, se isso não tivesse ocorrido, a seca seria muito maior no estado, no Uruguai e na Argentina.
As temperaturas aqui oscilaram em março variando de 12,8 graus (temperatura mínima) no dia 16/03/25 e 37 graus (temperatura máxima) no dia 02/03/2025. Na média o mês foi de temperaturas muito acima da média esperada para o mês, com grande amplitude térmica, mais amenas de noite e muito calor durante as tardes, com dias de umidade relativa do ar baixa. Foi um dos meses de março com a média de temperatura diária mais alta dos últimos 35 anos. Do dia primeiro até o dia 8, todos os dias a temperatura atingiu os 35 graus no período da tarde, isso foi decisivo para a redução da produtividade da soja, principalmente as cultivares que estavam no enchimento de grãos.
Nos anos parecidos do passado, em abril, a correlação das chuvas ocorre de maneira maior com o Oceano Atlântico Sul, que terminou o mês de março com uma anomalia positiva, o que é bom em termos de precipitação. Também no mês de março a temperatura do Pacífico central na região do Niño 3.4 aumentou e o mês terminou em uma condição de neutralidade.
No Niño 3.4 a temperatura terminou o mês de março com uma anomalia positiva de +0,1°C e no Niño 1.2 está em torno de +1,2°C, então terminou o mês com temperatura do oceano em uma neutralidade. No Lado do Atlântico as anomalias de temperatura terminaram o mês de março com águas com anomalia positiva na costa sul do Brasil.
A média de precipitação do mês de abril dos últimos 35 anos é de 161 mm. O ano com maior precipitação em abril aqui foi o ano de 2017 com 377 mm sendo que o ano que menos choveu foi o ano de 2009 com 12 mm. A seguir vou colocar umas imagens, que mostram as anomalias da temperatura da superfície dos oceanos do globo terrestre no final de março.
RESUMO DO MÊS DE MARÇO DE 2024
1
– O Rio Grande do Sul terminou o mês de março com muita umidade no solo.
2
– No dia 31/03/2025 o preço balcão da soja foi de R$ 126,00 (R$ 125,00 no dia 28/02/25, +0,8%; R$ 115,00 em 29/03/2024, +9,6%). R$ 160,00 em 29/03/2024, -27%.
3
– Trigo R$74,00 (70,00 em 28/02/25; +=5,7%, 60,00 em 29/03/2024, +23%).
4
– Milho R$69,00 (67,00 em 28/02/25+3%, R$ 50,00 em 29/03/2024, +38%).
5
– O Dólar terminou o mês de março cotado a R$ 5,71 (5,92 em 28/02/24,
-3,5%), R$ 5,02 em 29/03/2024 +13,7%.
6
– IBOVESPA em 31/03/2025 fechou em 130.259 pontos, mês passado 122.799 +6%, ano passado 129.000 +1%.
7
– Soja em 31/03/2025 US$/bu 10,14(10,11 em 28/02/25=), 11,92 em 29/03/2024,-15%.
8
– Milho em 31/03/2025 US$/bu 4,00(4,53 em 28/02/25-11,7%), 4,42 em 29/03/2024, -9,5%.
9
– Trigo em 31/03/2025 US$/bu 5,37(5,37 em 28/02/25=), 5,61 em 29/03/2025, -4,3%.
10
– No Brasil a taxa de juros está em 14,25% ao ano (13,25% em 28/02/25, +7%).
11
– As doenças radiculares causaram grandes de produtividade neste ano, pois o clima foi propício para isso, com muito calor, estresse térmico, hídrico e longos períodos secos seguidos de uma chuva. Isso aconteceu nos anos parecidos do passado.
12
– A produção de soja na América do Sul é estável, independente do evento climático, pois as chuvas ocorrem sempre em algum local e há uma compensação de produção, isso olhando os últimos 20 anos.
13
– Muitos municípios decretaram “situação de emergência” devido a grandes perdas de produção na agricultura e na pecuária, por causa da falta de chuva e das altas temperaturas.
14
– Uma massa de ar frio e seco vai atingir o sul do Brasil a partir do dia 4 de abril.
15
– A área de soja nos Estados Unidos pode diminuir 4%, enquanto a área de milho pode aumentar 5%, segundo o último relatório do USDA.
16
– A produtividade média da soja no Rio Grande do Sul está estimada em 37 sacas por hectare que é igual a 15,2 milhões de toneladas.
17
– Em 6 estados brasileiros a produtividade da soja foi recorde neste ano.
18
– A produção prevista no Brasil é de 169 milhões de toneladas de soja aproximadamente.
19
– A área de trigo no Rio Grande do Sul prevista hoje é de aumentar em relação à safra passada.
A seguir vou falar um pouco da tendência para o outono, inverno e primavera de 2025.
A tendência é de as chuvas ocorrerem com maior regularidade em abril em todo o estado. Intercalando um período seco e outro chuvoso.
O clima em abril, vai depender muito da temperatura do Oceano Atlântico Sul, pois ele tem a maior correlação com as precipitações do mês, se ele se manter com anomalia positiva acima de 1 grau (está próxima disso), podem ocorrer chuvas dentro ou acima da média nesse mês.
Quanto as culturas de inverno, ainda está indefinido o cenário, pois a previsão estava muito diferente da estatística. A previsão era de uma neutralidade ou nova La Niña no final da primavera, o que seria bom para as culturas de inverno, mas mudou na última atualização, diminuindo a probabilidade de uma nova La Niña.
A estatística mostra que poderemos ter um El Niño na primavera e no próximo verão, por isso eu vejo como indefinido ainda se teremos um ano médio ou ruim para as culturas de inverno. Onde uma neutralidade negativa ou
La Niña significa um cenário bom, enquanto um El Niño significa um cenário ruim para as culturas de inverno.
Na imagem abaixo um filtro dos últimos 75 anos que começaram parecidos com este ano de 2025 e de como terminaram estatisticamente observando. Observem que todos terminaram com um El Niño. Lembrando que quando falamos de clima tudo é possível, inclusive ser diferente do que aconteceu nos últimos 75 anos.
A média de produtividade de trigo na nossa propriedade em anos de:
La Niña do ano 2000 até o ano de 2024 é de 65,5 sc/hect; Brasil 42,5.
Neutralidade negativa 50 sc/hect; Brasil 37.
Neutralidade posititiva 45 sc/hect; Brasil 39.
El Niño fraco 41,5 sc/hect; Brasil 33,8.
El Niño forte 34,5 sc/hect. Brasil 30,7
No estado do Rio Grande do Sul a média é de uns 10 a 15 sacos a menos que na nossa propriedade.
Olhando para a estatística dos últimos 75 anos, a probabilidade de ser um ano de baixa produtividade e qualidade para os cereais de inverno é alta. Também é muito cedo para saber pois o clima é muito incerto e pode nas próximas atualizações mudar de prognóstico. Essa é a leitura atual do cenário climático. No ano passado nessa época a previsão era de uma La Niña em agosto e setembro e não se confirmou, foi ocorrer somente em dezembro. É uma decisão difícil para nós agricultores decidirmos o tamanho da área de trigo no próximo inverno. Cada um tem que pensar e decidir como cobrira as terras no outono, inverno e primavera.
A previsão do modelo ECMWF, como também do modelo do IRI, é de chuva abaixo na média em abril e maio. O INMET prevê chuvas de normais a acima da média no norte do estado em abril e acima da média em maio em todo o estado.
Previsão de precipitação acumulada para os próximos 16 dias do modelo americano para o Brasil do dia 01/04/2025. A previsão é de baixos volumes no sul do Brasil na primeira quinzena do mês.