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Sem torre de controle, a decisão de voar "é do piloto", diz coordenador do aeroporto de onde partiu avião que caiu em Gramado
TORRE

Administrado pela Infraero desde outubro e inaugurado há menos de um mês, em 2 de dezembro, o aeroporto de Canela só opera voos executivos, como o realizado pela família Galeazzi e que acabou caindo de forma fatal minutos depois, em Gramado. Segundo o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB) e responsável pela regulação e controle do espaço aéreo, o local está dispensado de ter torre de controle ou sala de rádio.

Esses sistemas fornecem ao piloto melhor compreensão das condições climáticas para decidir se deve ou não levantar voo. Segundo o gerente da Infraero e coordenador do aeroporto de Canela, Odone Bizz, quando se tratam de voos executivos, esta análise cabe exclusivamente a quem está comandando a aeronave.

“Um aeroporto dessa categoria não tem torre de controle. A decisão é do piloto. Eu não tenho autoridade nem competência para dizer: “Ó, não vai”. Não sou meteorologista nem controlador de voo. Quando se trata de aviação comercial, é a torre de controle que autoriza ou desautoriza o voo”, diz Bizz, que também foi coordenador do aeroporto de Santo Ângelo, nas Missões.

Bizz estava no aeroporto de Canela quando o avião dos Galeazzi levantou voo. Segundo ele, as condições do tempo naquele momento estavam propícias para decolagem.

“O tempo estava claro, tinha visibilidade. Operação normal, tudo dentro da normalidade. Foi uma fatalidade”, lamenta.

A avaliação diverge de especialistas que apontam condições meteorológicas adversas. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) investiga as circunstâncias do acidente.

Responsável pela infraestrutura e administração dos aeroportos, a Infraero submeteu o aeródromo de Canela a melhorias desde que assumiu sua gestão. Segundo o órgão, houve reforma na pista de pouso e decolagem. Com extensão total de 1,2 mil metros, sua largura foi aumentada de 18 para 30 metros.

A pista passou por recapeamento completo e ganhou uma Área de Segurança de Fim de Pista. A sinalização horizontal foi revitalizada. Também foi instalado o PAPI (Sistema Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão) em ambas as cabeceiras. O investimento foi de R$ 20 milhões.

Existe a intenção de ampliar as atividades do aeroporto de Canela, tornando-o disponível para voos comerciais. Em nota, a Infraero informou à reportagem que o espaço “está operacional e disponível para as empresas aéreas operarem novos voos comerciais de acordo com a estratégia comercial de cada uma delas e dentro da capacidade instalada do aeroporto”.

FONTE- O PIONEIRO